quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O comércio Triangular...




…é uma expressão utilizada para designar um conjunto de relações comerciais dirigidas por países europeus entre as metrópoles e os vários domínios ultramarinos, de carácter transcontinental apoiado em três vértices geopolíticos e económicos: Europa, África e América (Norte, Centro e Sul), com relações secundárias com a Ásia e os seus produtos.
Comércio Triangular
Trata-se, de um conjunto de relações entre produtor e distribuidor, comprador e vendedor, dominante e dominado, assumindo qualquer um destes continentes uma posição de relevo em qualquer um destes níveis de contrato, à parte a Europa em termos de domínio, pois nela residem as potências administrantes.
(chave na economia mundial, como o
ouro, prata, diamantes, açúcar e tabaco).
Da Europa partiam embarcações carregadas de produtos manufacturados, como
armas de fogo, rum, tecidos de algodão asiático, ferro, jóias de pouco valor, entre outros artigos de menor valor comercial. O destino principal era África, onde se trocavam escravos por estes produtos. Os compradores de escravos comerciavam com europeus ou africanos que vendiam os seus conterrâneos, quer no litoral quer no interior, onde quase só se aventuravam os negreiros autóctones. Muitas vezes eram colonos americanos a comprar directamente em África a sua mão-de-obra servil, sem intermediários europeus. Os escravos africanos eram, de fato, a mola principal desta rede comercial de capital importância para a economia europeia, pelos lucros que rendiam aos países negreiros, e também para o sistema de produção das colónias mineiras e de plantação das Américas, seu destino além-Atlântico.
Nesta segunda junção de vértices do comércio triangular (África-América), muitos dos escravos morriam a bordo dos navios, onde se amontoavam em condições Intel-humanas. Chegados à América, eram vendidos aos donos de minas e de plantações em troca dos seus produtos: açúcar, tabaco, moedas de ouro e prata
Completava-se o triângulo comercial com a compra por parte da Europa desses produtos americanos, embora para o continente americano se exportassem directamente as manufacturas e se fizessem reexportações de artigos adquiridos na Ásia. Só as colónias europeias nas Índias Ocidentais e as famílias possuidoras de minas, plantações ou empresas comerciais tinham poder económico para adquirir essas manufacturas do Velho Mundo, pagando com os rendimentos que lhes davam as suas produções ou negócios, mesmo com os elevados gastos que comportava a compra de mão-de-obra africana.
A nível de movimentação de capitais em larga escala, tinham enorme destaque as colónias espanholas produtoras de ouro e prata - como a
Colômbia, o Peru, a Bolívia e o México - ou dos grandes criadores de gado, bem como, e principalmente, o grande motor do império colonial português durante três séculos, o Brasil. As suas fazendas de cana-de-açúcar, algodão, tabaco, café e cacau, a par das explorações mineiras de ouro e diamantes (com ciclos de produção em épocas diferenciadas), para além do serviço doméstico dos senhores, absorveram milhares de africanos para o seu esforço produtivo, importação essa que rendia avultadas fortunas aos negreiros que os colocavam nos mercados brasileiros. Só os EUA terão importado mais escravos africanos que o Brasil. A posição ocupada pelas colónias inglesas da América do Norte é, de fato, de crescente importância no contexto do comércio triangular, principalmente a partir do século XVII, quer na importação directa (sem intermediários europeus) de escravos africanos, quer assumindo uma posição de relevo nas trocas comerciais com a Europa. Produtores e exportadores, além de importadores de produtos manufacturados europeus ou de mão-de-obra africana, cedo os norte-americanos tentam tornar-se independentes no plano produtivo, lançando-se mesmo na exploração de rotas comerciais atlânticas, integrando-se cada vez mais altivamente nas arestas geográficas do comércio triangular.
No caso do Brasil e da América espanhola, as grossas somas de dinheiro despendidas no pagamento das importações de manufacturas europeias - o luxo e o fausto tiranizavam cada vez mais os gostos dos colonos mais abastados - dirigiam-se, não para as suas metrópoles ibéricas, mas principalmente para a Inglaterra, Países Baixos, França, produtores e exportadores de manufacturas que colocavam facilmente a bom preço no Novo Mundo, para além das reexportações de produtos importados da Ásia, onde possuíam entrepostos, feitorias ou mesmo colónias. Todo esse capital colonial passava, sem retenção ou entesouramento, por Portugal e Espanha, que o usavam para pagar o seu
deficit de mercadorias e de fraca produção de manufacturas nacionais. Era retido e investido em países do Norte da Europa, que o canalizavam para o incremento da sua produção manufactureiro e no pagamento das importações do Báltico ou da Ásia, reactivando constantemente as ligações comerciais com África e, principalmente, com a América.

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