quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O apogeu e consequências da expansão portuguesa


O apogeu e consequências da expansão portuguesa Damião de Góis viveu no período de apogeu da expansão portuguesa. Foi, de facto, durante os primeiros anos do reinado de D.João III que o império ultramarino português atingiu a sue máxima extensão: desde o Brasil, cuja colonização já se iniciara, passando por Marrocos e por África, onde os contactos com o reino do Gongo prosseguiam a bom ritmo e permitiam até um primeiro embrião de cristandade local, até à Índia, para onde a coroa ainda canalizava a maior parte dos seus recursos. Aqui os portugueses já haviam atingido as Molucas e posteriormente o Japão.
As consequências de tal amplitude geográfica, onde os portugueses dispersavam os seus recursos, não deixaram de se fazer sentir. Vários relembravam que Portugal permanecia um país pequeno e empobrecido, apesar das imensas riquezas que aqui afluíam.
Uma das consequências negativas era a tendência para o luxo desmedido, a ostentação e a ociosidade, visível sobretudo em Lisboa, que causava o espanto e admiração de muitos, mas eram motivo de pessimismo por parte dos mais lúcidos e avisados. Um dos aspectos mais visíveis desse luxo era o número exagerado de escravos que todos tentavam possuir, muito para além das necessidades de cada um.
Um humanista flamengo Clenardo, que foi amigo pessoal de Damião de Góis, escreveu acerca deste assunto: " Não falta que fazer cada um (escravo) , embora todos levam uma vida regalada; dois caminho adiante; o terceiro leva o chapéu; o quarto, o capote (...); o quinto pega na rédea da cavalgadura; o sexto vai ao estribo para segurar os sapatos de seda; o sétimo traz a escova para limpar o fato de pêlos; o oitavo, um pano para enxaguar o suor da besta enquanto o amo ouve missa ou conversa com algum amigo; o nono apresenta-lhe o pente, se tem de ir cumprimentar alguém de importância, não fosse ele aparecer com a cabeleira por pentear".

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